A Iniciativa de Governação Global é a quarta importante estrutura internacional apresentada por Xi Jinping desde 2021, seguindo as iniciativas de Desenvolvimento Global, Segurança Global e Civilização Global.
O primeiro-ministro indiano Narendra Modi (C) conversa com o presidente russo Vladimir Putin (L) e o presidente chinês Xi Jinping (R) antes da Cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (SCO) 2025, no Centro de Convenções e Exposições Meijiang em Tianjin, China, em 01 de setembro de 2025. A Cimeira da SCO 2025 ocorre em Tianjin nos dias 31 de agosto e 01 de setembro.
O presidente da China, Xi Jinping, propôs a criação de uma Iniciativa de Governança Global (GGI, na sigla em inglês), que pode ser vista como um possível germe de uma nova ordem mundial, em oposição à liderança dos Estados Unidos da América (EUA).
A proposta foi apresentada na segunda-feira, 1 de setembro, durante seu discurso na cimeira da Organização para Cooperação de Xangai Plus (SCOX, na sigla em inglês).
“Todos os países, independentemente do seu tamanho, força ou riqueza, devem participar igualmente, decidir e beneficiar da governação global”, afirmou Xi Jinping, destacando a necessidade de aplicar o direito internacional “sem dois pesos e duas medidas” e de que “as regras internas de alguns países” não devem ser impostas a outros.
Sem mencionar nomes, o principal alvo do discurso do presidente chinês foi Donald Trump e os EUA. Xi enfatizou que a governança global está sob ameaça pela “mentalidade da Guerra Fria, o hegemonismo e o protecionismo” que ainda “assombram o mundo” 80 anos após o término da II Guerra Mundial e a criação da Organização das Nações Unidas (ONU).
“O mundo está passando por um novo período de turbulência e transformação. A governança global chegou a uma nova encruzilhada. A história nos ensina que, em tempos difíceis, devemos manter nosso compromisso com a coexistência pacífica e reforçar nossa confiança na cooperação vantajosa para todos”, declarou.
Na 21ª cimeira da SCO, realizada em Tianjin, no norte da China, perto de Pequim, estiveram presentes 20 líderes de países não ocidentais, incluindo o presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que foram vistos juntos com Xi Jinping em uma imagem simbólica de entendimento.
Esse encontro acontece em meio a uma guerra comercial declarada por Washington. A China e a Índia são os maiores compradores de petróleo da Rússia, que é o segundo maior exportador mundial. Donald Trump impôs tarifas adicionais de 50% à Índia sobre as compras de petróleo russo, mas não à China.
A crítica à guerra comercial foi clara, com Xi afirmando que a SCO promove a cooperação e a integração entre os países euroasiáticos, e deve “continuar a derrubar muros, não a erguê-los”.
Após a cimeira, Putin ofereceu uma carona a Modi em sua limusine blindada Aurus a caminho de um encontro bilateral entre os dois.
“As conversas com ele são sempre esclarecedoras”, escreveu Modi em suas redes sociais. Na reunião bilateral, Putin se dirigiu a Modi em russo chamando-o de “Caro senhor primeiro-ministro, caro amigo”.
Esta foi a primeira visita do primeiro-ministro indiano à China em sete anos. As relações entre os dois países são marcadas por tensões regionais, geopolíticas e disputas fronteiriças.
Cinco princípios para a nova ordem
A nova governança global proposta por Xi Jinping deve se basear em cinco princípios: igualdade soberana entre Estados; respeito pelo direito internacional; prática do multilateralismo; abordagem centrada nas pessoas; e adoção de medidas concretas.
A Iniciativa de Governança Global é a quarta grande estrutura internacional introduzida por Xi desde 2021, após a Iniciativa de Desenvolvimento Global, a Iniciativa de Segurança Global e a Iniciativa de Civilização Global.
Fundada em 2001, a Organização de Cooperação de Xangai reúne a China, Rússia, Índia, Paquistão, Irã e os países da Ásia Central, sendo a Bielorrússia o membro mais recente, além de dois países observadores e mais de uma dezena de parceiros de diálogo.
A agenda do bloco expandiu-se da segurança regional para a cooperação econômica e cultural.
Durante a cimeira, Xi Jinping anunciou um pacote de ajuda de 280 milhões de dólares (cerca de 239 milhões de euros) para os membros da SCO, além de um empréstimo adicional de 10 bilhões de yuan (1,2 bilhão de dólares) para os bancos que colaboram com a SCO.
