As torres da central a carvão de Sines marcaram a paisagem da costa alentejana por quatro décadas, assim como as águas quentes da praia de São Torpes. A central chegou a fornecer um terço da eletricidade consumida pelos portugueses. Com o fim do carvão, será que o futuro pertence ao hidrogénio verde?
Portugal firmou o tratado de adesão à Comunidade Económica Europeia em 1985, que era a precursora da atual União Europeia. Nesse mesmo ano, realizaram-se eleições legislativas, nas quais Cavaco Silva conquistou a sua primeira maioria absoluta. No entanto, um trágico acidente ferroviário ocorreu a norte, o desastre de Moimenta-Alcafache, na Linha da Beira Alta, resultando na morte de 150 passageiros, o mais mortal da história de Portugal.
Mais ao sul, inaugurou-se a central a carvão de Sines, no distrito de Setúbal. As suas duas torres dominaram o horizonte da costa alentejana durante quatro décadas. No entanto, a EDP demoliu recentemente as torres.
O investimento inicial no projeto foi de 650 milhões de euros (valores da década de 80), quando a empresa ainda era totalmente estatal. A capacidade instalada era de 1.256 MW.
A central encerrou as suas operações em 15 de janeiro de 2021, com a empresa a antecipar o fecho, uma vez que os preços do carvão e a carga fiscal tornavam a continuidade da operação financeiramente inviável.
Na década de 90, a central chegou a abastecer quase um terço da eletricidade consumida em Portugal, percentual que caiu para 20% nos anos 2000 e 15% na década de 2010, até atingir apenas 4% em 2020.
Ao longo de quase quatro décadas, produziu mais de 270 terawatts-hora de eletricidade, o equivalente ao consumo anual de um país com 60 milhões de habitantes.
Para o local, está previsto um projeto de hidrogénio verde: o GreenH2Atlantic, que propõe a instalação de 100 MW de eletrolisadores, embora ainda esteja em fase inicial, num contexto em que os projetos de hidrogénio verde enfrentam desafios de viabilidade.